Entre os séculos XIV e XV, a igreja medieval começou a enfrentar uma série de crises que prepararam o caminho para a Reforma Protestante. A primeira dessas crises desafiou a autoridade eclesiástica, representada pelo papa e pelos concílios.
Em 1302, o papa Bonifácio VIII promulgou um decreto que afirmava que todo o poder espiritual e secular pertenceria aos pontífices romanos, decidindo que qualquer pessoa que quisesse obter a salvação tinha de submeter-se ao papa e à igreja romana.
Contudo, a publicação desta bula papal coincidiu com a expansão dos estados-nações e do poder dos reis sobre a população. O rei da França, Filipe IV, chegou a sequestrar o papa para demonstrar que não aceitaria mais a autoridade da igreja sobre seu governo.
Também houve questionamento sobre qual seria a sede da Igreja Católica (Roma ou Avinhão) e qual papa seria legítimo, processo que levou o nome de Grande Cisma do Ocidente e durou até o ano de 1417.
Em meio a essas lutas políticas, era visível a terrível corrupção do clero em geral. O foco do papado voltou-se ao poder político, interesses seculares e à usura. Práticas como nepotismo, adultério, filhos ilegítimos, simonia e venda de indulgências se tornaram comuns entre a maior parte dos sacerdotes da época.
Enquanto a igreja romana se mostrava cada vez mais corrompida, alguns teólogos e pregadores medievais ofereceram as Escrituras como a fonte de autoridade legítima. Eles condenaram a corrupção do clero, o ensino sacramental medieval e colocaram a autoridade bíblica acima da autoridade do papado e dos concílios. Entre esses homens, podemos citar Jerônimo Savonarola, John Wycliffe e Jan Huss, precursores da Reforma Protestante.
Surgiram grupos (alguns deles heréticos) como os albigenses, valdenses, lolardos e hussitas, que contestavam o entendimento do cristianismo papal medieval a respeito da salvação e da espiritualidade. Eles foram duramente combatidos pela igreja romana através da Inquisição. Os inquisidores tinham como alvo aqueles que os clérigos consideravam hereges, feiticeiros, imorais e blasfemos, o que, para a igreja romana incluía o pensamento dos pré-reformadores.
No próximo mês, estudaremos a respeito da vida e legado de John Wycliffe.
*Trechos extraídos do livro A Igreja Cristã na História (Franklin Ferreira)
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