Oi oi!
Espero que estejam todos bem.

Na semana passada, um jovem pastor se propôs a falar algumas coisas sobre a Bíblia e, pra dizer o mínimo, se atrapalhou bastante. Não vou entrar no mérito da questão. Mas a situação em si, movimentou as redes sociais com pessoas que diziam amar a Bíblia e que criam que ela é a Palavra de Deus. Eu mesma fiz isso. No entanto, o comentário de uma amiga minha em outro post me chamou atenção para outra verdade: quanto dessa Bíblia que amamos temos aplicado às nossas vidas?

Porque se não aplicamos suas verdades, quanto de fato amamos a Palavra de Deus?

Nesse meio tempo, eu estou lendo um livro chamado “O livro que transforma nações” do Loren Cunningham, fundador da JOCUM. Recomendo fortemente a leitura. Nele, o Loren conta a história de diversos países que foram literalmente transformados por pessoas que resolveram não apenas ler e amar a Bíblia como fonte de conhecimento que gera fé e salvação (Romanos 10:17), mas que resolveram aplicar seus princípios e transformar a realidade ao seu redor.

Uma das histórias que mais me chamou atenção até agora foi a da Noruega. Ela é classificada há alguns anos como o melhor país pra se viver no mundo, seus índices são os melhores, mas nem sempre foi assim, realidade essa que é um tanto difícil de imaginar, considerando o que conhecemos hoje.

Em 1995, Loren teve a oportunidade de conversar com o Rei da Noruega, Harald V. Vou transcrever aqui um pequeno trecho do livro sobre esse encontro:

Depois das apresentações preliminares, eu disse: Vossa Majestade, quando seu avô era uma criança, vocês eram a nação mais pobre da Europa.” O rei concordou com isso. A Noruega daquele tempo, não era só pobre, mas também era, em sua maioria, sem estudos e tinha pouca liberdade. 

“Mas agora, Vossa Majestade, tem-se divulgado que a Noruega, segundo os índices de renda per capita, é a nação mais rica da Terra. Vocês tem um maravilhoso sistema educacional com 100% de índice de alfabetização e seu povo desfruta de uma ampla liberdade. Como o senhor explica essa tão grande mudança em tão pouco tempo?”

O Rei Harald se dirigiu até mim e tocou o meu braço. “Sr. Cunningham, eu não sei!” Sou questionado sobre isso por meus embaixadores o tempo todo e eu apenas digo a eles, “eu não sei”.

“O senhor gostaria de ouvir sobre a pessoa que transformou sua nação, Vossa Majestade?”- perguntei. 

Eis a história:

Hauge viveu de 1771 a 1824. Ele era filho de fazendeiros e foi criado em uma família que honrava a Bíblia. Ele era sensível às questões espirituais, mas não se sentia bom o bastante para se considerar salvo. Era habilidoso com as mãos e, desde jovem começou a prosperar a partir do seu trabalho. No entanto, ele se sentia incomodado porque reconhecia que seu apego aos bens materiais era maior que seu amor por Deus. 

Um dia, quando Hauge estava com 25 anos de idade, sua vida sofreu uma reviravolta. Em 5 de abril de 1796, ele estava entoando um hino enquanto trabalhava no campo. De repente, ele sentiu seu coração exaltar a Deus e sua mente ser inundada com um novo entendimento. Deus o estava tocando profundamente. Sentiu que Deus o tinha aceitado. Seus pecados estavam perdoados. Ele também entendeu que precisava pregar a Palavra de Deus em toda a Noruega. 

Cenário na Noruega quando Hauge começou seu ministério:

  • A maior parte da população era pobre e era comum ver pessoas mortas no meio do caminho, pois haviam morrido de fome;
  • O cultivo de alimentos era para auto-subsistência;
  • Poucas escolas e nenhuma universidade;
  • Não havia liberdade de comércio ou mesmo de viajar para outras nações sem o consentimento do governo.

Essas circunstâncias, no entanto, não o intimidaram. Ele percorria a nação toda, à pé ou de esqui, pregando a Palavra. Isso, obviamente, não foi bem visto pelas autoridades da igreja da época e nem pelo governo. Foi preso por conduzir reuniões religiosas sem a supervisão dos pastores paroquianos.

Entre 1796 e 1804, Hauge distribuiu bíblias de vilarejo em vilarejo.

Um estímulo e uma nova esperança irromperam na empobrecida Noruega. Em menos de 3 décadas, Hauge implantou mais de 1.000 grupos familiares dentro da Igreja formal do Estado, em uma nação de apenas 800.000 habitantes. Na medida em que os cristãos se encontravam nos grupos familiares para orar e estudar, eles se tornavam mais próximos de Deus e uns dos outros. 

Vez após vez, eles encarceram Hauge e outros pregadores iniciantes que ele recrutou. No total, Hauge foi preso onze vezes em sete anos. 
Quer dentro ou fora da prisão, ele continuou discipulando sua nação. Para alcançar mais pessoas, ele começou a escrever livros. Além dos livros doutrinários, ele também escreveu sobre como educar os filhos, sobre como gerar riquezas por meio das relações comerciais íntegras, entre outros assuntos que ele descobria na Palavra de Deus. 

Na medida em que Hauge se aprofundava na Bíblia, ele realmente ganhava experiência e conhecimento prático sobre como devemos viver. Ele encontrou O Livro cheio de princípios para tudo aquilo que a humanidade enfrenta. Ele ensinava que a Palavra de Deus deveria ser “o nosso tesouro mais sagrado acima de todas as outras coisas do mundo”.

Ele pregava que tudo que somos e temos vem de Deus. O Senhor espera que sejamos bons mordomos daquilo que Ele tem nos dado. Pelo fato de termos sido criados à imagem de Deus, Hauge encorajava todos a gerarem riquezas por meio do trabalho honesto. Ele ajudava os mais pobres a encontrarem maneiras de se auto-sustentarem. Ele ensinava seus seguidores a usarem os recursos de modo a influenciarem a sua nação para Deus. 

Em um só local ele construiu uma fábrica de papel, uma fábrica de selos, um moinho de ossos, um moinho de farinha, um curtume e uma oficina de fundição. Somado a isso, ele deu suporte diretamente a cristãos no que diz respeito a oportunidades vocacionais em cidades onde ele pode fazer a diferença. Ao fazer isso, esse pregador-comerciante aperfeiçoou a Economia de toda a Nação. 

Outras conquistas dele:

  • Escreveu e publicou 33 livros em toda a sua vida.  Nos primeiros 8 anos de seu ministério, mais de 200 mil cópias de seus livros foram distribuídas por todo o país. Com isso, mais e mais pessoas eram alfabetizadas para que pudessem ler seus livros.
  • Os líderes dos grupos nos lares começaram a perceber que essa nova capacidade de liderança poderia ser usada em outras áreas. Se reuniram e formaram fábricas têxteis, tipografias e fábricas de papel.
  • Estudando o que a bíblia dizia a respeito de governo, se organizaram para se eleger ao Parlamento.

De modo crescente, os cristãos noruegueses refletiam o caráter de Cristo e influenciavam suas próprias esferas da Cultura: lar, trabalho e círculos sociais. Eles começaram a discipular a Sociedade. E, pouco a pouco, a Noruega se transformou. 

Em 1804 foi considerado uma ameça pelas autoridades governamentais e foi preso novamente, agora por 10 anos. Neste meio tempo, as Guerras Napoleônicas cortaram o fornecimento de sal deles. Em 1809, o governo deixou que ele saísse da prisão para resolver a crise. Depois de fundar diversas usinas de sal, o enviaram novamente para a prisão.

Em 1814 ele foi solto. Apesar da pouca idade, durante os anos presos, sua saúde ficou bastante debilitada. Morreu aos 53 anos tendo percorrido mais de dezesseis mil quilômetros a pé ou de esqui, pondo a Bíblia e seus livros em circulação. 

Alguns dos convertidos da época de Hauge se esforçaram pela independência da Noruega. Eles ajudaram a esboçar uma nova constituição para a Noruega em Eidsvoll, em 1814. Os seguidores de Hauge fizeram da Noruega uma das nações mais livres da terra, e fizeram isso, baseados em princípios bíblicos. 

Hauge não viveu o bastante para ver a Noruega se tornar uma importante nação rica e missionária. Mas, ele foi um dos que começou o processo. (…) Não devemos almejar fazer a diferença apenas hoje. Nos devemos, tal como fez Hauge, plantar sementes para um mundo transformado para nossos filhos, nossos netos e toda a nossa descendência.

[Trechos do capítulo 8 do livro citado no início do texto]

Existe algo de muito errado em nossa teologia se achamos que a Bíblia é apenas um livro para garantir nossa ida pro céu. Ela é a Palavra de Deus, e também é viva e eficaz para transformar nossas vidas e alcançar aqueles que estão ao nosso redor, mas é também elemento fundamental para nortear TODAS as áreas das nossas vidas e da sociedade em que estamos.

Não proponho com isso alguma espécie de mistura entre Estado e Igreja, mas gostaria que esse texto fosse uma espécie de convocação para que verdadeiramente vivamos o que a Bíblia nos instrui. É impossível, que ao vivermos da maneira como o Senhor deseja, as realidades ao nosso redor não sejam impactadas. Não sem desafios, pois no exemplo da história de hoje, houve fome, houve prisões, etc. Mas com a convicção de que a verdade que carregamos não pode ser escondida e precisa impactar nações.

Hoje o texto foi um pouco mais longo, mas espero de coração que ele tenha impactado seu coração e o provoque a fazer algo.

Deus abençoe vocês.

Até terça

😉