O Coração do Servo

coracao_puro

Entre os pecados presentes na humanidade, certamente alguns dos que mais atraem os homens são o orgulho, a soberba, a vaidade, o egoísmo e o desejo do poder. Estes pecados estavam presentes desde o início, no Jardim do Éden.A tentação aguçou no coração do homem o desejo do poder, de ser igual a Deus, de conhecer todas as coisas, de satisfazer suas próprias vontades.
A mentalidade mundana permanece assim. A sociedade valoriza excessivamente o ter, juntar, possuir coisas, a busca do benefício próprio, se necessário passando por cima dos outros. Os homens gostam de ser reconhecidos, receber honras e glórias. Faz bem ao ego. Os aplausos e os holofotes os embriagam. Com o desenvolvimento das ciências e da evolução tecnológica, muitos são dominados pelo sentimento de auto-suficiência. Acham que podem todas as coisas, que sabem tudo, que não precisam de ninguém, que são melhores que os outros.
Estas coisas não vem de Deus, mas sim do mundo e de seu sistema, dominado pelo nosso adversário, o diabo (I João 2:16). E ele conhece nossa natureza, sabe nossos pontos fracos e procura nos atingir justamente nesses pontos.

71055513 No meio cristão, também não estamos imunes a estes comportamentos, pois fazem parte da nossa natureza humana e pecaminosa.
Existe um texto na Bíblia muito interessante: A Pesca Maravilhosa (Lucas 5:1 a 11).
Pedro era um pescador por profissão. Certamente ele conhecia todos os segredos do mar, de uma boa pescaria, do melhor lugar para pescar. Fico imaginando Pedro, depois de ter pescado a noite inteira sem pegar nada, lavando as redes desanimado e cansado. De repente, chega Jesus dizendo a ele para voltar ao mar e lançar as redes. Por um rápido instante, passou pela sua cabeça: eu sou pescador a muito tempo, conheço tudo sobre pescaria, sei onde os peixes estão e agora vem Jesus, filho de carpinteiro, que não entende nada de pescaria, e me manda lançar as redes de novo. Podemos confirmar este comportamento de Pedro em sua primeira reação, quando ele diz a Jesus:

“Mestre, havendo trabalhado toda a noite nada apanhamos”.

Há uma certa dose de resistência em suas palavras. Só que, no momento seguinte, ele reconheceu a soberania de Deus e se submeteu à sua vontade:

“mas sobre a tua palavra lançarei as redes”.

E o resultado foi uma surpreendente pesca, um milagre. Uma grande lição presente no texto e que sempre enfatizamos diz respeito à obediência. Obedecer a Deus é sempre o melhor. É prova de amor, de submissão, de reconhecimento de Deus. É adoração.
No entanto, Jesus ensinou a Pedro naquele dia outra importante lição. Pedro, você pode conhecer todos os caminhos, todos os segredos de uma boa pescaria, todos os segredos do mar e até dos peixes, mas somente eu posso enviar os peixes até a rede. Se eu não agir, você não pode fazer nada, você não vai pescar nada. Todo o seu conhecimento é inútil diante da minha vontade e do meu poder.

cristianismo Estas lições continuam válidas para nós hoje. Deus é Senhor e nós somos seus servos, apenas servos. Como o próprio Jesus nos ensina, depois de termos feito tudo o que nos foi ordenado, devemos dizer: somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer (Lucas 17:10). Devemos considerar como um privilégio o fato de sermos cooperadores de Deus, de fazer parte de sua obra de reconciliação do homem com Ele.
Todo o nosso conhecimento, nossa capacidade, nossas habilidades, nossos esforços, não valerão de nada, se Deus não agir, se Deus não mandar as vidas, se o Espírito Santo não tocar nos corações das pessoas.
Participarmos desse projeto de Deus é poder contemplar o milagre. Fazer a vontade de Deus precisa ser nossa satisfação e nosso alimento.
Deus não divide sua glória com ninguém. (Isaías 42:8). Em Provérbios 16:18 está escrito: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.”
Mantenhamos nossos corações humildes, não nos deixemos embriagar pelo reconhecimento dos homens, pelos holofotes, pelo nosso ego, dando lugar à soberba, ao orgulho e à vaidade.
Não nos esqueçamos: Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça.