O que você pensaria de uma mãe e um pai que, após o seu filho recém-nascido ser trazido ao mundo, o abandona para que se defenda sozinho? Isso seria desastroso para o filho, e os pais seriam culpados de abuso infantil. O que Jesus faz com Seus filhos espirituais recém-nascidos? Aqui está, ao menos em parte, a essência e significância da membresia da igreja. Aqueles que são chamados pelo Pai, comprados pelo Filho, e nascidos de novo pelo Espírito Santo não são abandonados para se defenderem sozinhos contra o mundo, a carne e o diabo. Jesus leva Seus filhos recém-nascidos que foram batizados na igreja invisível pelo Espírito Santo, e Ele as batiza na igreja visível pelo sacramento do batismo com água. Através do batismo de água, Jesus também traz novos crentes e filhos de crentes para fazer parte da igreja visível. Quando uma pessoa é batizada com água no nome do Deus triúno, ela é adicionada à membresia da igreja visível e ali deve ser cuidada e nutrida espiritualmente.
Estou convencido de que uma das razões que a membresia de igreja não é valorizada como deveria é porque ela não é entendida como um meio pelo qual o Bom Pastor cuida e provê para Suas ovelhas. A Igreja é o Seu rebanho. Ele entregou Sua vida pelas Suas ovelhas. Ele as comprou pelo preço de Seu próprio sangue, e Ele não as abandona nessa terra para se defenderem sozinhas, isoladas e independentes. A Confissão de Fé de Westminster afirma: “O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo (…) para solenemente admitir na Igreja visível a pessoa batizada” (28.1). Alguém pode perguntar: onde a membresia é encontrada na Bíblia? A resposta é, na prática do batismo com água. No Novo Testamento, quando alguém crê, é batizado, e pelo seu batismo é adicionado na membresia da igreja visível, sob a autoridade e cuidado de líderes que atuam como pastores. É assim que Jesus cuida da Sua Igreja na terra. Aquelas três mil almas que foram batizadas no Pentecoste foram adicionadas à membresia da igreja em Jerusalém sob os cuidados dos apóstolos.
Muitos falham em enxergar a conexão entre batismo e membresia, e, portanto, falham em enxergar a significância da supervisão e cuidado que é estabelecido quando uma pessoa é batizada e adicionada à membresia da igreja. Sem membresia, é impossível para um líder da igreja determinar por quais das ovelhas de Cristo ele é responsável. Pedro exorta os presbíteros da igreja em 1 Pedro 5:2-3, dizendo: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento (…), nem como dominadores dos que vos foram confiados”. A Nova Versão Internacional traduz a frase “que vos foram confiados” como “que está aos seus cuidados.” O Bom Pastor tem confiado Suas ovelhas à responsabilidade e cuidados de certos presbíteros que atuam como Seus subpastores. Certamente, os apóstolos sabiam quais ovelhas Cristo os colocou para supervisionar. Sem membresia por batismo, os apóstolos não saberiam quais pessoas pertenciam a Jesus e por quem eles eram responsáveis. Sem membresia, as ovelhas não podem saber quem são os pastores que devem seguir e a quem devem obediência. O autor de Hebreus exorta os crentes: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas” (13:17).
Quando alguém é adicionado à membresia da igreja invisível ou espiritual, é liberto “do império das trevas” e transportado “para o reino do Filho do seu amor” (Cl. 1:13). Para os crentes, a membresia na igreja visível ou física na terra corresponde à membresia na igreja invisível ou espiritual. Não há maior privilégio que possa ser concedido ao homem na terra. Ser transferido do mundo (um império de morte, escuridão e condenação) para a igreja (um império de vida, luz e amor redentor) é a maior bênção dada ao homem nesta terra. É na igreja visível que Jesus provê para nós um suprimento abundante dos meios para nosso crescimento espiritual: Palavra, sacramentos, oração, comunhão, disciplina, etc.
De fato, a prática da disciplina eclesiástica pressupõe o conceito de membresia em um corpo visível local. Em Mateus 18:17, Jesus se dirige a um crente não arrependido quando ele diz: “E, se [ele] recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.” É assumido que a pessoa está em comunhão com Jesus e sua igreja, mas se não se arrepender, deve ser removida da comunhão da igreja. Paulo certamente via isso dessa forma quando ele removeu o homem não arrependido em 1 Coríntios 5:2. Ele escreve: “Para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou”. Se não há membresia, então a ideia de remover alguém da igreja não tem sentido. Só tem sentido remover alguém da igreja se ele for membro na aliança com o povo de Deus, unido a Cristo em Seu corpo. O apóstolo Paulo afirma em Romanos 12:5: “Assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros”.
A membresia no corpo de Cristo é o resultado da união com Cristo. Pelo batismo do Espírito Santo (uma realidade interior, invisível e espiritual), crentes são unidos a Jesus e se tornam parte da Sua igreja universal, e pelo batismo com água (um sinal exterior, visível e físico) os crentes e seus filhos são enxertados na igreja visível, sob o cuidado dos presbíteros. Membresia é sobre cuidado espiritual e responsabilidade. É a bênção de pertencer à noiva de Cristo, e o benefício da supervisão pastoral dEle. É na igreja que o senhorio de Cristo é mais claramente manifesto conforme os membros se reúnem no dia do Senhor, providenciam apoio com dízimos e ofertas, usam seus dons espirituais para ministrar uns aos outros e proclamam o evangelho dEle por todo o mundo.
Autor: Roland Barnes
Fonte: Voltemos ao Evangelho
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