Todos nós vimos as trágicas manchetes. Todos nós ficamos chocados pelas notícias de outro pastor, outrora reverenciado, manchando o nome de Cristo e se desqualificando do ministério. Não muito tempo atrás, um líder cristão pregou a famosa frase: “O pecado vai te levar mais longe do que você deseja ir, te fazer ficar mais tempo do que você deseja permanecer e te custar mais do que você deseja pagar” – tudo isso enquanto ele estava vivendo em um pecado enorme. Quão irônico é o fato de que a sua própria vida provou certa sua citação. Será que a falta de oração possui relação com isso?
Recentemente, falei com um grupo de pastores sobre terminar bem e compartilhei com eles uma citação do agora clássico sermão de Donald Whitney “A ruína quase inevitável de todo ministro. . . e como evitá-lo.” Whitney pregou:
Quase todo mundo conhece alguém que já esteve no ministério. Quase todo mundo conhece alguém que não deveria estar no ministério. Quase todo ministro conhece algum outro ministro – se não vários – com quem ele não deseja se parecer… Então eu acho importante comentar sobre a quase inevitável ruína de cada ministério… e como evitá-la.
Uma vez, quando um executivo da denominação batista estava no campus do Midwestern Seminary no final dos anos 1990, ele afirmou que as estatísticas mostram que para cada vinte homens que entram no ministério, quando esses homens atingem a idade de sessenta e cinco anos, apenas um ainda estará no ministério.
Paulo corretamente nos admoestou: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Coríntios 10.12).
Como os poderosos caíram
Nós facilmente baixamos a guarda. Não foi por isso que Sansão, o forte homem, caiu? Antes de sua infame derrota nas mãos dos seus inimigos, ele testou a graça de Deus ao dormir com três mulheres diferentes, todas do povo inimigo, os filisteus (Juízes 14.1-20; 15,11-20; 16.1-3)
Não foi de modo semelhante que Davi, o grande rei de Israel, pecou? Enquanto Deus multiplicava as vitórias de Davi nas batalhas (2 Samuel 5.10; 6.2), Davi ignorou a admoestação de Deus e multiplicou esposas para si (Deuteronômio 17.17). Enquanto todos os reis e soldados saíram para a batalha (2 Samuel 11.1), o grande rei ficou em casa, viu a esposa de outro homem tomando banho e decidiu tomá-la (2 Samuel 11.2-5).
Que tal Salomão, a quem Deus apareceu não somente uma vez, mas duas (1 Reis 3.5; 9.2)? Deus o concedeu inigualável sabedoria e riqueza (1 Reis 3.1-15). Como Salomão respondeu? Em vez de confiar em Deus, ele buscou casamentos políticos para proteger seu reino e se casou flagrantemente com mil mulheres. O que aconteceu, então? Quando ficou velho, cedeu às suas esposas pagãs e se afastou de Deus. Ele se curvou em idolatria para adorar a seus ídolos (1 Reis 11.3-10).
Se o mais forte dos homens, o maior e o mais sábio dos reis caíram escandalosamente por causa de seu orgulho, qual lição isso nos ensina? Todos nós podemos cair escandalosamente também. Com razão, John Owen disse: “Aquele que anda humildemente, anda seguro”.
O que podemos fazer para nos guardarmos contra a queda? Podemos começar por ouvir ao nosso Senhor Jesus e orar a oração que ele nos ensinou a orar. Podemos implorar sinceramente ao Pai para que “não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” (Mateus 6.13).
Meios indispensáveis de graça
Oração não é um luxo conveniente que podemos usar casualmente quando sentirmos vontade. Estamos em guerra. A batalha demanda medidas espirituais para nos proteger dos ataques espirituais (Efésios 6.10-12), às tentações do mundo (1 João 2:15–17) e a corruptibilidade de nossa própria carne (Colossenses 3:5). A oração feita corretamente é, portanto, um meio de graça indispensável na nossa luta diária.
Mas, para seguir as instruções de Jesus, primeiro precisamos entendê-las e aplicá-las corretamente. Ao nos chamar para orar: “Não nos deixes cair em tentação”, Jesus não está sugerindo que o Pai nunca testa os crentes (Gênesis 22.1), nem está sugerindo que o próprio Pai nos tenta a pecar (Tiago 1.13). Em vez disso, a instrução de Jesus deve ser entendida como um apelo geral à proteção do Pai. Ao orar “não nos deixes cair em tentação”, estamos pedindo ao Pai que guarde nossa fé para que não caiamos diante do engano do pecado.
Tenho seguido Jesus há quase quarenta anos e, sem falta, posso relacionar todos os momentos em que lutei e me desviei com secos períodos espirituais de oração fraca ou ausente. Queridos santos, vamos fazer esta oração regularmente: “Pai, protege-nos da tentação”.
Inimigo Formidável
Jesus deixa claro que não estamos lutando contra carne e sangue, mas contra um poderoso e mal inimigo espiritual. Quando Jesus nos ensina a orar “livra-nos do mal” ele provavelmente está se referindo a Satanás em particular. A maioria das traduções em inglês traz esse comentário nas notas de rodapé ou traduz as palavras de Jesus como “livra-nos do maligno”.
Esse título para Satanás é adequado, pois ele é, no sentido mais completo, a personificação do mal. Ele é nosso grande inimigo. Ele não quer nada menos que nos destruir – nossa unidade, nossos ministérios, nossos testemunhos. A Bíblia narra seus esquemas para que estejamos cientes de suas tentações. Para citar apenas alguns, ele nos tenta a
- Mentir para o Espírito Santo (Atos 5.3);
- Nos envolvermos em pecados sexuais (1 Coríntios 7.5);
- Desistir de nossos objetivos ministeriais (1 Tessalonicenses 2.18);
- Sermos orgulhosos em nosso ministério (1 Timóteo 3.6);
- Nos virarmos contra Deus e o amaldiçoarmos no sofrimento (Jó 1-2);
- Deixar com que lobos se infiltrem na liderança da igreja (2 Coríntios 11.13-15) e
- Acreditar e ensinar um falso evangelho que amaldiçoa almas (2 Coríntios 11.3).
A espada de Satanás está coberta pelo sangue de nossos fiéis irmãos e irmãs martirizados. Ele desfila uma horda de outros que, por temerem o homem acima de Deus, apostataram de Cristo. Eles se tornaram seus capangas (João 8.44), inimigos da cruz. O julgamento deles será justo e eterno quando Jesus voltar e destruir todos os seus inimigos (2 Tessalonicenses 1:4–10).
Salvador ainda mais poderoso
Quando Israel clamou por ajuda contra os egípcios, Deus mandou Moisés para os libertar. Quando precisaram derrotar os inimigos na terra, Deus os deu Josué. Quando clamaram por ajuda contra os inimigos em Canaã, Deus levantou juízes para os salvar. Quando precisaram proteger a terra, Deus os deu Davi. Mas Deus nos deu um maior libertador que Moisés, Josué, os juízes e Davi. Deus enviou seu único filho – Jesus. Ele veio “para destruir as obras do diabo” (1 João 3.8; Atos 10.38).
Por mais fortes que sejam suas tentações, Jesus pode libertá-lo se você permanecer nele (João 8.31–32). A oração nos conecta ao nosso Senhor, e ele nos capacita a vencer os pecados que nos assediam. Com Cristo, podemos fazer tudo o que ele quer que façamos (Filipenses 4.13). Podemos dar frutos santos de acordo com o Espírito (João 15.5).
Bem fez Martinho Lutero a nos levar a cantar:
“A nossa força nada faz
Estamos, sim, perdidos
Mas nosso Deus socorro traz
E somos protegidos
Defende-nos Jesus
O que venceu na cruz
O Senhor dos altos céus
E sendo também Deus
Triunfa na batalha.”
Deus nos ouve pedir por ajuda. Ele responde nossos humildes reconhecimentos de que precisamos dele para vencer nossas batalhas e nos responde dando-nos Jesus. Ele é nossa defesa (1 João 2.1).
Então antes que você se vire para a sua própria força e recursos, antes que você desista da luta e antes de ceder ao peso da tentação e do pecado, ore. Ore mais fervorosamente para que Deus “não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” e confie que nosso Deus responderá com favor.
Autor: Bobby Scott
Fonte: Voltemos ao Evangelho
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