A ira não tem recebido a devida atenção. Frequentemente, os pecados sexuais chamam a nossa atenção; a ira nem tanto. Mas quando o apóstolo Paulo lista os pecados, ele identifica especialmente os desejos desenfreados que se expressam em sensualidade e ira, e a idolatria aparece como um traço em comum entre os dois.
Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias. (Gálatas 5.19-21)
Tendo em mente a seriedade da ira, aqui vão algumas diretrizes básicas que podem melhorar o nosso aprendizado sobre ela.
Todos nós ficamos pecaminosamente irados
Não há exceções. Hoje, na sua igreja, a ira é uma destruidora – separando amigos, rompendo laços conjugais, esmagando crianças. Ela pode tomar diferentes formas. Procure pela ira nas fúrias homicidas, mas também procure por ela na murmuração e na reclamação (Números 14.2,11) ou na indiferença e silêncio de alguém. Em alguns momentos, ela se desvia em vez de atacar, mas a ira está em todos nós.
Nós queremos paz, saúde, respeito, amor, autoridade, influência, segurança e muito mais. A ira pecaminosa aparece quando esses desejos e expectativas se tornam mais importantes para nós do que amar a Deus e o próximo (Tiago 4.1-2).
A ira nos cega
Nós subestimamos a frequência da nossa própria ira e o impacto dela sobre os outros. Outras pessoas subestimam o impacto de sua ira sobre nós. Nossa ira parece com “Eu estou certo”. Na verdade, ela diz: “Eu odeio você” e “Sou superior a você”. Quanto mais violenta é a nossa ira, mais confiante nos sentimos de que estamos certos. Consequentemente, pessoas iradas são as últimas a saber que estão pecaminosamente iradas. A ira também pode dizer, “Eu estou ferido e não quero ser ferido outra vez” ou “Estou com medo e me sinto impotente”, mas ainda assim permanece a atitude de controlar nosso mundo do nosso jeito e nos nossos termos.
Jesus irado?
Jesus nunca ficou irado ao ser testado, ridicularizado ou rejeitado. Ele, de fato, se irou. O incidente com os cambistas está entre as histórias mais conhecidas do Novo Testamento (João 2.13-17). Mas a sua ira não estava mesclada com egoísmo e motivações arrogantes como a nossa. A profunda paixão dele era pela glória do Pai.
Em outras palavras, a ira nem sempre é pecaminosa, mas devido às poucas vezes em que realmente tropeçamos em ira justa, faremos bem em não dar a nossa própria ira o benefício da dúvida.
O melhor texto sobre ira
Tiago 4.1-10 é uma passagem que se encaixa em quase tudo que precisamos saber sobre a nossa ira:
De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós? Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
Há passagens e histórias sobre ira por toda a Escritura, e nenhuma é completa em si mesma, mas Tiago nos oferece bastante informação. Nossos desejos, nossas guerras, nosso relacionamento com Deus e a influência de Satanás, estão todos reunidos para nós nas palavras de Tiago sobre a ira.
Ele não entra nos pormenores quanto à paciência de Deus e em como ele é rápido para perdoar; essas pérolas estão incluídas em sua observação a respeito do ciúme que Deus tem de nós e como o Senhor nos dá mais e mais graça. O que a passagem faz é abrir os nossos olhos cegos para vermos como a ira é contra outras pessoas e contra Deus. Todos nós nos beneficiaríamos dominando e sendo dominados por esses versículos.
Onde voltamos?
Quando mudamos um comportamento, queremos saber no que estamos sendo transformados. Nós nos afastamos da ira que nós mesmos alimentamos. Nós nos voltamos para Cristo e vivemos sob sua autoridade. Mudamos de como consentimos em nossa ira porque estamos “certos” (e na verdade podemos ter evidências que se sustentariam em um tribunal) para humildade e amor. E essa mudança terá mais longevidade quando feita com lamentação e choro (Tiago 4.9).
Nós somos pessoas ocupadas, e não é fácil encontrar espaço para aquelas coisas que estão no coração de Deus, mas a nossa ira pecaminosa é uma harmonia temporária com os caminhos assassinos do diabo. Ela se opõe à unidade que está no coração do reino de Cristo.
Não devemos negligenciar esse pecado ou justificá-lo.
Autor: Edward T. Welch
Fonte: Voltemos ao Evangelho
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