Na segunda metade do século II, o culto aos deuses mitológicos começava a declinar, dando espaço a outras formas de heresia na sociedade antiga. O gnosticismo foi uma das correntes de pensamento mais perigosas do período, ensinando que o mundo físico foi criado por uma divindade inferior (apontando o Deus do Antigo Testamento) e que Cristo não havia encarnado, já que era um espírito puro.
Irineu foi um dos homens de Deus que se levantou contra essa doutrina herética ao defender a fé cristã genuína em seus escritos. Ele foi instruído por Policarpo, pai da Igreja que foi discípulo do apóstolo João. Assim, fica clara a origem de sua contribuição na refutação do gnosticismo e na exposição do cristianismo apostólico.
A principal obra de Irineu é seu livro Contra as Heresias, escrito no ano 180. Ele é considerado por muitos como o primeiro grande teólogo sistemático da igreja cristã, já que se esmerou em demonstrar uma crescente progressão no desenvolvimento da convicção e veracidade da graça soberana de Deus.
Ele escreveu sobre a soberania divina: “Mas Ele mesmo, em Si mesmo, segundo um modelo que não podemos descrever nem conceber, predeterminando todas as coisas, as formou como Lhe aprouve” (Salmo 103.19) e “Deus exerce providência sobre todas as coisas e organiza as atividades de nosso mundo” (Jeremias 10.7).
Sobre a depravação total, Irineu reconheceu o papel de Adão como representante de todos os seus descendentes no pecado original: “Deveras ofendemos a Deus no primeiro Adão, quando ele não cumpriu seu mandamento. Tornamo-nos devedores a nenhum outro senão Àquele cujo mandamento transgredimos no princípio” (Romanos 5.12).
Irineu acreditava na escolha soberana de Deus para a salvação. Ele entendia que Deus escolhe quem será salvo, de modo que a vontade divina é fator determinante na redenção dos pecadores: “Deus salvou desde o começo aqueles que são salvos” (2 Timóteo 1.9). Também ensinava que Cristo veio ao mundo para expiar o pecado daqueles que creriam nEle – a verdadeira igreja (Efésios 1.4-12).
Para ele, ninguém poderia conhecer a Deus, a menos que o Senhor mesmo o ensine interiormente. É de Deus a iniciativa de fazer-se conhecido aos pecadores impotentes (João 14.6).
Aprendemos com Irineu a defender a verdade bíblica sobre toda a história humana. Que tenhamos um firme compromisso com as doutrinas da graça, assim como ele teve.
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