As decisões que tomamos falam muito ao nosso respeito. Basta olhar para como enfrentamos alguma missão difícil: encaramos as responsabilidades ou tentamos fugir delas? De fato, independente da posição, nada está fora do controle de Deus, uma vez que Ele é soberano e as escolhas não podem mudar isso. Pelo contrário, se somos livres para decidirmos o que seguir é devido a vontade permissiva dEle, ainda que, na maioria das vezes, estejamos humanamente inclinados a realizar ações contrárias a sua vontade.

Quando era criança costumava brincar bastante de esconde-esconde, cuja tarefa principal da brincadeira consiste basicamente em que alguém às cegas encontre os demais participantes. Infelizmente, acho que ainda carrego um pouco da minha infância, pois, às vezes, ao invés de fazer a vontade de Deus, resisto e corro dEle. Talvez por comodismo ou mero medo de tentar. Mas certamente esse fato também revela o pecado de quando o homem caiu ao desobedecer a Deus e errar o alvo da sua vocação (Gn 3:6), sendo principal reação esconder-se (Gn 3:8).

Recentemente, ao realizar o momento de leitura bíblica diária, pude me debruçar sobre uma história semelhante à citada anteriormente que trata de um profeta fujão chamado de Jonas. Todavia, o mais incrível é que não diz apenas sobre ele, mas o personagem principal é o próprio Deus que através da vida do seu servo revela ensinamentos valiosos que podem ser aplicados de diversas maneiras.

Sendo assim, desejo compartilhar o que tenho aprendido. Sugiro que peguem suas bíblias e se dediquem a compreender melhor o contexto como um todo, pois começaremos com o primeiro capítulo, destacando apenas os trechos que mais me saltaram os olhos, uma vez que não tenho pretensão de exaurir os estudos e, sempre que puder, estarei trazendo alguma lição sobre esse livro. Portanto, apertem os cintos e vamos nessa!

Veio a Palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Dispõe-te, vai á grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim. Jonas se dispôs mais para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR.” Jonas 1:1-3.

É possível observar que Deus falou com Jonas de maneira clara (v.1) ao destacar sua responsabilidade de proclamar a mensagem que lhe foi designada ao povo de Nínive (v.2), ainda que não tenha sido descrito em detalhes a forma com que isso aconteceu. Entretanto, o que mais importa aqui é que além de Deus ter se revelado a Jonas de forma relacional, Ele demonstrou tremendo amor e preocupação com Nínive que estava em situação de malícia (v.2b), a qual é retratada posteriormente como reflexo do pecado e idolatria dos seus habitantes (Na 3). Nesse contexto, extraímos uma verdade maravilhosa:

DEUS AMA SUA CRIAÇÃO, APESAR DELA MESMO; E SE RELACIONA COM OS FILHOS A MOSTRAR UM CHAMADO QUE INSPIRA RESPONSABILIDADE.

Sim, é isso mesmo! O Senhor se preocupa com todos, se faz relacionável e usa seus servos para alertar sobre seu juízo. Talvez o maior problema encontrado nesse cenário se concentre na falta de disposição de muitos – que se dizem cristãos – ao negligenciar obediência a Deus. Como o trecho aborda, Jonas se dispôs, mas ironicamente para fugir da presença do Senhor, mesmo sabendo qual era seu papel (v.3a). Vale perguntar: será que temos nos assemelhado a ele ao tentar fugir de Deus ou temos colocado nossas vidas à disposição do reino? Ou melhor, você está disposto ou tem sido um fujão?

Provavelmente, ele pensou que se fosse para outro lugar, a saber Társis, arcando com todas as despesas estaria isentando-se da responsabilidade da ordem que lhe foi atribuída e estaria distante da presença do Senhor (v.3b). Mas Jonas se enganou. O Senhor foi ao seu encontro para atraí-lo de volta aos seus propósitos, mediante poder divino, manifestado pela natureza em forma de tempestade ao longo da “viagem de fuga” em alto mar (v.4).

A partir de então, vemos uma série de eventos interessantes que apontam para a  providência e soberania de Deus, bem como a obediência da natureza e até mesmo dos marinheiros pagãos, que tinham outros deuses em contraste à desobediência de Jonas que se encontrara despreocupado em sono profundo no porão do navio (v.5). Uee como alguém poderia estar sossegado nessa situação (de desobediência)? Tudo indica que Jonas poderia estar cansado da viagem, mas o que me chamou atenção foi:

ESTAR EM PAZ OU COM DESPREOCUPAÇÃO NEM SEMPRE INDICARÁ QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO O QUE DEVE SER FEITO, ISTO É, A VONTADE DE DEUS!

Falo isso, porque já me deparei com pessoas falando que quando algo é de Deus irá trazer paz, mas não necessariamente é o que acontece, uma vez que a vontade dEle pode trazer “guerras”, principalmente quando confronta nossos desejos egoístas. Adiante, assistimos aos marinheiros desesperados por conta da tempestade à procura de uma solução (v.11). Jonas, assume suas fragilidades e propõe seu lançamento ao mar para que tudo se resolva (v.12); o mar, por conseguinte, tem sua fúria contida (v.15) e os marinheiros são  alcançados com temor pelo Deus soberano e verdadeiro (v.16).

Mas, e o que aconteceu com Jonas? Deus não o esqueceu, pelo contrario, preparou um grande peixe para tragá-lo a tempo necessário e com a finalidade de tratá-lo da melhor forma: com misericórdia e amor eterno (v. 17). Finalmente, outro ensinamento que podemos extrair se resume a:

TUDO TEM UM PROPÓSITO ORIUNDO DA PROVIDÊNCIA DE DEUS QUE REFLETE A SUA BONDADE E CUIDADO ATÉ MESMO QUANDO O DESSOBEDECEMOS, SENDO IMPOSSÍVEL FUGIR DO SEU AMOR.

Sendo assim, não precisamos tentar fugir de Deus e da sua vontade, até porque por sua soberania seria incoerente que o criador de tudo fechasse os olhos, ao menos por um segundo, para os seus. Lembrar-se disso faz todo sentido, pois ao se achegar a Ele somos inevitavelmente atraídos a ter um relacionamento baseado em dependência e obediência, não segundo próprias vontades ou méritos, mas conforme direção da sua mão e destra que está acima das circunstâncias e quaisquer escolhas individuais. Afinal, como diz o Salmo:

Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás: se fizer do inferno a minha cama, eis que tu, ali estás também, Se tomar as asas da alva; se habitar nas extremidades do mar; até ali tua mão me guiaria; e tua destra me deteria”. Sl 139:7-10

 Não fuja, dispõe-te!

Que Deus lhe abençoe,

Espero que tenha feito sentido pra você!

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