Olááá galerildes! Qnto tempo, que saudade de tudo e de todos. Andei meio away, porque viajei semana passada. Fui ao Encontrarte (www.encontrart2010.com.br), rolou váários imprevistos antes durante e dpois da viagem, mas aqui estou eu inteira, guardada por Deus e – CLARO – MAIS FORTE, creio que mais parecida com Jesus, portanto, FELIZ.

Estou meio doente, peguei uma virose lá, que me levou alguns kilos (tudo tem seu lado bom, hehe) e até a minha voz. Mas estou me recuperando. O texto de hoje não é meu, mas é de uma moça que manda muitissimo bem – Luciana Elaiuy – e vira e mexe escreve coisas que parece que saíram de dentro de mim. Boa leitura, deixem o Oleiro trabalhar, hehe.

“Às vezes nascem flores dentro de mim. Muitas delas, planta, flor, de todas as cores, de todos os jeitos, de todos as formas. As pessoas olham e dizem “Deus é realmente muito sabido, muito criativo, muito cheio de idéias e sensibilidades”. Eu fico bonito, as pessoas admiram.
Às vezes outras coisas acumulam-se dentro de mim. Uns restos de moeda, umas bugigangas, umas bagunças, umas tampas de canetas perdidas, chaves que uso muito pouco, recados antigos.
Tem vezes que eu fico no centro da mesa. Visível ou não, como adorno pra qualquer hora, enfeite para a sala onde as pessoas se reúnem, enfeite para o jantar, enfeite para a festa. Fico exposto e pouco admirado, pouco lembrado.
Já quiseram me leiloar, colocando dentro de mim a falsa idéia de que poderiam me comprar a qualquer preço. Já me fizeram pensar que com o tempo eu valeria mais, e que ser sempre o mesmo, sempre igual, me faria mais feliz e me deixaria mais seguro. Já tentaram me limpar e a poeira voltou. Ela sempre volta, ela sempre repousa sobre mim. E claro, já me embrulharam milhões de vezes e colocaram um adesivo escrito “frágil”.

Em todas essas experiências, eu nunca fui eu.

Eu só fui Vaso quando me quebrei. Caco por caco, despencando de mesas, despencando de prateleiras altas. Sem medo, sem polidez, sem o pó religioso que quer me manter intacto. Vasos foram feitos para se quebrar. Vasos foram feitos de barro e barro foi feito pra alguém moldar.

Deus compara pessoas com vasos. Deus sabe que somos vazios. Deus tem conteúdo pra tudo. Não esqueça isso.
E que os cacos se quebrem e se espalhem por não conseguirem conter tanta grandeza, tanta novidade, tanta palavra boa. Deus é incontido, é grande demais para pequenos potinhos, caixinhas antigas, gavetas emperradas, cofres travados. E todos nós somos Vasos a beira de uma queda maravilhosa. Quem pode medir o amor de um coração que se quebra? Quem pode medir a capacidade de se espalhar quando os cacos estão no ar?

Pra você que anda lascado, remendado, colou com superbonder e ficou feio: suas feridas sararão com um remédio que você não conhece. O antídoto do medo é a liberdade. O contrário da dor não é só a cura, mas é abrir-se para ela. Ouça o barulho do barro no chão, ouça alguma coisa ferindo o silêncio, porque o seu silêncio só manteve vazios, e essa não é exatamente a melhor forma de levar a vida, quando sabemos que ainda há espaço para mais.

Quebre-se. Se o vaso não funciona, quebre e deixe o artista fazer outro. De uma vez por todas, ou por milhões de vezes. Não tenha medo de se quebrar para ser melhor.

Seu conteúdo transbordará de um jeito que você ainda não sabe como, mas não precisa saber, porque você é Vaso. Você recebe e fornece. Você precisa sentir a água enchendo, e depois a água ultrapassando as bordas e os limites. E às vezes você precisa quebrar-se inteiro, para ser refeito e perder a água velha, os restos. Você foi feito para viver cheio, ainda que para isso, você tenha que esvaziar-se, quebrar-se.
Quem já foi refeito sabe. E só quem modelou tudo, é capaz de dizer a verdadeira utilidade para isso tudo.
E isso tudo, é você.”

Luciana Elaiuy

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